Modernização: grande aliada do desenvolvimento da agricultura brasileira
É amplamente reconhecido que o agronegócio brasileiro é um dos setores mais dinâmicos da economia do país, sendo caracterizado por conduzir o desenvolvimento da agricultura de forma bastante expressiva nas últimas décadas.
Todo esse desenvolvimento da agricultura brasileira foi decorrente de um amplo processo de modernização do campo, principalmente com a implantação de novas tecnologias, manejos e maquinários no processo de produção de nossas culturas.
Esse amplo desenvolvimento e modernização da agricultura vem elevando a produtividade brasileira a níveis que pensávamos que eram praticamente inalcançáveis há 30 ou 40 anos.
Veja, a seguir, quais são os fatores que contribuíram com o processo de modernização da forma com que nossos alimentos são produzidos, sendo esse fator um dos grandes aliados do desenvolvimento da agricultura brasileira.
Agricultura no Brasil: grande evolução nas últimas décadas
Em território brasileiro, as atividades agrícolas estão em constante processo de inovação, permitindo que o setor obtenha produtividades cada vez mais expressivas a cada nova safra.
Todo esse processo de modernização da agricultura ganhou maior notoriedade a partir da década de 1950, com a evolução no uso de aparatos tecnológicos providos de muitas inovações, como plantas geneticamente modificadas, uso de defensivos agrícolas, de novos maquinários e novas formas de manejo.
Entre os indicadores mais ilustrativos da modernização da agricultura brasileira estão os números de produção e seus respectivos índices de produtividade, como podemos ver neste gráfico. Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou.
Ainda sobre essa questão, nos últimos 40 anos, a produtividade da soja brasileira, em termos médios, subiu cerca de 64%. A produtividade do milho, por sua vez, aumentou 231,5% nos últimos 40 anos, um crescimento médio anual de cerca de 5,8%.
A mesma evolução ocorreu também com a pecuária bovina brasileira, que nas últimas quatro décadas sofreu uma modernização revolucionária sustentada pelos avanços no nível tecnológico dos sistemas de produção e na organização da cadeia, com claro reflexo na qualidade da carne bovina.
Em termos de rebanho, por exemplo, o efetivo de bovinos no país mais que dobrou nos últimos 40 anos, enquanto a área de pastagens pouco avançou ou até diminuiu em algumas regiões, comprovando grande salto em produtividade decorrente da modernização.
Modernização da agricultura: explicando o salto da produtividade
Como visto anteriormente, a partir da segunda metade do século XX, a modernização e o desenvolvimento da agricultura iniciaram-se no Brasil com o intuito de aumentar a produção e a produtividade de culturas mediante a inserção de inovações tecnológicas.
Mas, a consolidação mais efetiva da agricultura moderna ocorreu mais fortemente a partir da década de 60, com a adoção das inovações tecnológicas (agronômicas, físico-químicas e biológicas) e com a constituição dos complexos agroindustriais, o que gerou uma nova configuração socioeconômica e espacial para o campo brasileiro.
O caso da cultura da soja é um bom exemplo de como a tecnologia ajudou a transformar a produção agropecuária. Os primeiros cultivos comerciais surgiram na década de 1960, no Rio Grande do Sul, especialmente por uma razão climática: a soja é uma planta de regiões frias e os cultivos no mundo se limitavam às proximidades do paralelo 30, que no Brasil passa por Porto Alegre.
Dessa forma, cultivar soja em outras regiões do país representava um desafio bastante intenso. Mas, com o avanço tecnológico ao longo dos anos, tais como modernas técnicas de melhoramento genético, começaram a ser desenvolvidas plantas de soja mais adequadas às condições de solo e clima do Brasil, sendo menos sensíveis aos dias longos e mais tolerantes às pragas tropicais.
Além da tecnologia, outra contribuição da modernização no desenvolvimento da agricultura tem relação com correção e adubação de solos, que ajudaram a soja a ganhar notoriedade e terreno na agropecuária nacional.
De fato, o uso de fertilizantes representou um elemento-chave da modernização (estima-se que apenas os fertilizantes nitrogenados sejam responsáveis pelo incremento de cerca de 40% na oferta de alimentos no mundo).
Há ainda outros avanços que contribuíram significativamente com o desenvolvimento da agricultura brasileira, como:
- Plantio direto;
- Zoneamento de riscos climáticos;
- Manejo de pragas;
- Manejo de plantas daninhas;
- Aumento da mecanização, principalmente com o advento da Agricultura 4.0;
- Sucessão de até três cultivos anuais na mesma área;
- Integração da lavoura-pecuária-floresta.
Essas e muitas outras abordagens e tecnologias tiveram e continuam tendo grande impacto no desenvolvimento da agricultura, principalmente em razão do investimento em pesquisa, extensão rural, políticas públicas e empreendedorismo.
A atuação do produtor é fundamental para o desenvolvimento da agricultura
Quando consideramos a agricultura brasileira na totalidade, a tecnologia e as técnicas de manejo explicam, em grande parte, a evolução da produtividade do setor. Um estudo realizado pela Embrapa explica muito bem essa evolução.
Segundo o estudo, no período entre 1975 e 2015, os avanços tecnológicos foram responsáveis por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola, enquanto o trabalho respondeu por 25% e a terra respondeu por 16%.
Entretanto, o avanço da tecnologia não teria sido suficiente para promover o desenvolvimento da agricultura sem a atuação do trabalhador brasileiro do campo, cuja participação foi, e continua sendo, muito expressiva.
Essa participação se deu, em parte, pela postura empreendedora do trabalhador, com investimentos em terra, equipamentos, gestão, trabalho e conhecimento e, em parte, pela coragem de encampar severas migrações, recorrentes na história da nossa agricultura.
Um dos movimentos migratórios de maior impacto na geografia da produção agrícola do país se intensificou no final da década de 1980. Na época, pequenos produtores que, na década anterior, aprenderam a usar tecnologia no Sul e no Sudeste do Brasil, migraram para outras regiões em busca de terras e oportunidades.
Muitos desses produtores se instalaram em Mato Grosso do Sul, no Triângulo Mineiro, no Sul de Goiás e na região em torno de Sorriso e Lucas do Rio Verde, já no Mato Grosso.
Na agricultura atual, essas regiões já estão consolidadas, sendo consideradas importantes produtoras de grãos e de gado do país, principalmente pelo uso da alta tecnologia e de uma força de trabalho mais especializada.
Desafios para o futuro? Ainda são muitos!
Mesmo com o expressivo desenvolvimento, é fundamental que façamos uma leitura crítica da trajetória da agricultura brasileira para que possamos imaginar um futuro mais produtivo e sustentável. Neste contexto, a leitura de várias questões é fundamental para o futuro do agro.
A primeira questão tem relação com o meio ambiente e a saúde, principalmente com a necessidade de redução no uso de agroquímicos. Neste caso, é preciso enfatizar a necessidade da realização de mais análises e estudos em intensificação sustentável, ampliação do uso de sistemas de produção mais sustentáveis e do uso mais racional de defensivos.
Há também a questão de solos degradados, considerado um sério problema para o setor, a ponto de causar prejuízos econômicos e ambientais. Adotar soluções de conservação do solo será fundamental.
Os recursos hídricos também merecem atenção. Estudos indicam que o uso no meio rural representa 80,7% do consumo total de água no Brasil, dos quais 67,2% são destinados à irrigação, 11,1% ao consumo animal e 2,4% ao consumo humano. Porém, mais de 1/3 dessa água não é aproveitada pelas plantas por conta de sistemas inadequados de irrigação ou vazamentos nas tubulações, com grande desperdício de energia e trabalho.
Por fim, há também o problema da comunicação no campo, que está evoluindo, mas ainda precisa de mais avanços. O agro atual é muito tecnológico, com avanços baseados em Agricultura 4.0, mas muitas das tecnologias hoje disponíveis dependem de uma conectividade mais expressiva no campo.
Neste último caso, já existem muitas opções de conectividade que o produtor pode utilizar. Você pode ler mais sobre isso neste texto. Cabe ao empresário rural fazer um estudo de viabilidade de sinal para sua propriedade.
Você quer melhorar a conectividade na sua fazenda ou sítio? Então faça um estudo de viabilidade de sinal agora mesmo.